Para os manifestantes dos protestos de junho de 2013.
...Ora, direis, ouvir estrelas
...Do lábaro que ostentas estrelado...
...Verde que te quero verde
...E diga ao verde-louro desta flâmula
que
aqui viemos como se quiséssemos
das
barcas do Estige gritar, matar o barqueiro,
iniciar
o motim do navio negreiro
e
voltar, a nado, a remo,
para
derrubar Hades, Prosérpina, Cérbero e o lanceiro
e
inundar de vida as trevas de um a outro extremo.
Pois
que vivemos sob o peso de coroas lusas,
de
grilhões nagôs, de genocídios tupis,
de
ramos de café, de melaço de cana, de normas confusas,
de
repúblicas nada públicas, de quadrilhas vis,
onde
o sonho era morto a pauladas em lençóis verdes e amarelos
E
a esperança a cada manhã violentada
dando
à luz uma revolta muda em farelos
e
por fim morria, velha e amarga, numa fila numerada.
É
bem verdade que esperamos, somos o homem cordial,
cantamos,
batucamos, aceitamos, jogamos e sorrimos,
mas
quando vimos no espelho o riso bestializado do animal,
finalmente
redivivos, as comportas explodimos!
É
bem verdade que tivemos paciência,
que
usamos dos meios legais,
que
rogamos por misericórdia ao assassino,
que
trabalhamos como serviçais.
E
é bem verdade que buscamos ideologias,
uns
à esquerda, outros à direita, outros importadas,
outros
fora deste mundo, outros maquiadas,
mas
aqui não há sonho nem propósito
enquanto
o fruto estiver em mãos alheias.
Não,
não espereis mais!
Não
mediteis!
As
vidas mofaram por esperar demais:
Cuspam
neste pão, incendeiem este circo,
que
os impérios de hoje não sobrevivem a tais!
É
hora e inda que venha de nossas gargantas
ao
final só mais um grito ensanguentado de estertor,
desta
vez ele será ouvido em terras tantas
que
fará tudo estremecer em seu clamor!