Nascido Raimundo, humilde
polonês,
Apropriadamente, escolheu os
franciscanos.
Ordenado sacerdote e
retornando ao lar,
Cuidava dos seminaristas e
dos diocesanos.
Viu seu pai ser enforcado por
comunistas russos.
Viu sua mãe retirar-se para
um convento beneditino.
Descobriu-se tuberculoso em
espasmos abruptos.
E em sonho recebeu a coroa de
seu destino.
Graduado e doutorado em Roma,
Decidiu dedicar-se como São
Francisco,
Em amor, em missões, monge
fora da redoma,
Em sacrifício até o fim,
crescendo em Cristo.
Voltou à sua amada Cracóvia,
quando chegaram os nazistas.
Preso por duas vezes, sua
cerviz não se dobrava.
Opondo-se ao extermínio dos
eslavos, dos judeus, dos antagonistas,
Sua fé, sua integridade, era o
que tanto incomodava...
Por fim, enviaram-no a
Auschwitz, o matadouro,
Onde se faria mártir em seu
último heroísmo.
Foi no macabro e invernal
logradouro
Que em silêncio resistia ao
vil despotismo.
Depois da fuga de um
prisioneiro,
Outros dez foram sorteados
para pagar
Com a vida já não-vida e já
sem meio,
Por fome e por nudez até seu
limiar.
Francisco Gajowniczek, pai de
família,
Desesperou-se por ser um dos
escolhidos.
Padre Maximiliano,
apiedando-se de suas filhas,
Ofereceu-se em seu lugar,
vitorioso e vencido.
Num quarto escuro,
Por duas semanas,
Olhando pro mesmo muro,
Sobreviveu sem comida,
Sem fogueira,
Sem chamas.
Ele e mais três,
Minguando a vida,
Cada hora à beira
Da morte que reclama
Corpos à guisa de rês
Para o Hades insaciável e
impuro.
Como ele não morria
E queriam desocupar o lugar,
Não para interromper-lhe a
agonia
Mas para o reduto limpar,
Deram-lhe uma injeção letal
E jogaram-no no crematório,
Como se se tratasse de
carcaça animal
E ficasse impune tal barbárie
de sanatório!
Assim terminaram os dias
Do padre que amava estudar
árvores,
Catalogar flores, preparar
litanias,
E que se fez em alvores
Dos “santos que conheceram o
inferno”:
Ele, Edith Stein, o Pastor
Bonhoeffer,
Servos sofredores do
Sempiterno.
Quando, quarenta anos depois,
diante dos ouvintes,
Seu compatriota João Paulo II
o canonizava,
Chamou-lhe “padroeiro do
nosso difícil século XX”,
E sabia de quantas lutas a
cristandade ainda aguardava...
Por isso, quando o mundo lhe
pesar em oposição,
Lembre-se o quanto mais
atormentou irmãos seus,
Que lutaram contra o Maligno
em mil faces de perseguição
E que ainda não mudou em sua
ira contra Deus!