terça-feira, 14 de maio de 2013

A Unha Encravada


“Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem”.

PABLO NERUDA

Espinho na pata
do leão de São Jerônimo;
Espinho na garganta
do menino de São Brás;
Espinho na carne
das queixas de São Paulo;
Todo mundo tem o seu.
Limite do voo da galinha,
Limite do desenho do passado,
Limite do frio na espinha,
Limite.

Latejando
Pulso de sangue e pus,
Supurando
No sapato fechado sem luz.

Calcário duro
que insiste sempre em crescer torto,
abrindo caminho na carne tenra e indefesa
que lhe serve de abrigo enquanto necrosa,
tornando inviável a antiga destreza.

Eu recebi este
Propositalmente
Para me lembrar
De que nada é como me parece
De que não vou aonde quero
De que a punhalada é o limite do passo.

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