Sócrates discutia a Justiça
na Ágora
Mas deixava mulher e filhos
sem comida.
Platão e Aristóteles, mui
virtuosos,
Discutiam a pólis e sua vida,
Mas não gostavam lá muito de
pobres...
Agostinho, no início,
Na igreja prestava mais
atenção às menininhas
Do que ao presbítero que
pregava,
E clamava, em orações
mesquinhas:
“Converte-me, Senhor, mas não
agora!”
Nos púlpitos mui cristãos das
igrejas europeias
Pregava-se a 2ª Epístola a
Timóteo
Pra justificar os horrores
das Cruzadas,
E fazendo ainda mais imbróglio,
Nos púlpitos mui cristãos da
África do Sul
E do sul dos Estados Unidos
da América,
Pregava-se, em Gênesis 9, a
maldição de Cam,
Pra justificar a escravidão e
depois o apartheid,
Como se houvesse uma lídima doutrina
sã
Que pudesse hermeneutizar o
abate.
Michelangelo pintava cenas
mui santas
Nos tetos da Capela Sistina
E gastava os rendimentos em
tabernas tantas,
Financiado pela máfia de
abutres dos Médici.
Rousseau muito refletiu sobre
a educação
E entregou os cinco filhos
pra adoção.
Marx sempre criticou a
exploração do trabalho,
Mas nunca de fato trabalhou,
Todo o dinheiro da mulher
torrou,
Engravidou a empregada
E mandou Engels criar o
pirralho.
Não sabeis quantos mortos,
mutilados, órfãos e viúvas
Deixaram as inúmeras
revoluções?
E quantos suicídios e
viciados em ópio, em absinto,
Deixou o Romantismo em suas
elucubrações?
Ou quantas doenças
sexualmente transmissíveis,
Gravidezes indesejadas, seringas
contaminadas,
Overdoses não planejadas e
famílias destroçadas
Não deixaram para trás os alegres
hippies?
Ou quanto lixo industrial,
tecnológico, e carcaças
Não deixa pra trás o sonho de
consumo dos yuppies?
Ó
jovens de todo o mundo
Que
o mundo quereis mudar,
Começai
ajudando mamãe a fazer faxina
E papai
na lojinha a labutar!
Antes
de querer alterar o universo e sua sina,
Começai
a difícil arte de amar o próximo,
De
não deixar a gentileza virar fóssil,
De
ter compaixão do pobre que vos toca a campainha!
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