William, o expansivo
menino caipira.
William, na
fazenda leiteira da Carolina do Norte.
William, que
fugia da Igreja, levando o pai à ira.
William, sem
qualquer intelecto especial, perdido e sem norte.
Terminou o
Ensino Médio,
Largou uma
faculdade no meio.
Seu professor lhe
disse que ele nunca seria nada.
No que ele mesmo
acreditou por certo tempo.
Mas os sermões
de Mordecai Ham,
As tardes no
campo com a Bíblia nas mãos,
Os salmos do
pastor Davi em sua pobreza bucólica,
Os pecados arrependidos
do agora rei Davi
Em sua teodiceia
confusa – mas heroica,
O Evangelho do
Senhor anunciado às nações,
As viagens de
Paulo, as visões de João,
Tudo em seu
peito gritava que sua vocação
Seria diferente
de tudo que o mundo vira
Em matéria de pregação!
Formou-se em Teologia,
foi ordenado.
Casou-se com
Ruth, filha de missionários.
Mas o que fazia sua
simples diferença
Era como se
colocara a serviço e a mandato,
Levando, como
arauto do Rei, a dadivosa presença
Do perdão de
Deus ao mais vil pecador...
Numa Inglaterra
destroçada pela Guerra,
Numa América
rebelde e secularizada,
Num Brasil
idólatra e eternamente à espera,
Numa África do
Sul racista e segregada,
Num Leste Europeu
ateu, ditatorial e marxista,
Num Japão
milenar, fechado e tradicionalista,
Numa China
vermelha, desconfiada e ressentida,
Num planeta em
convulsão de humanidade perdida...
A bilhões ele
pregou, incansável,
Em estádios,
rádios, televisões.
Aconselhou
presidentes, sem se meter em política.
Ouvia a todos
com amor, sem tecer críticas,
E aproximava
extremos que se odiavam
Com seu shalom que até os maiores sábios
escutavam.
Era amigo de
Martin Luther King,
De Nixon, de
Eisenhower, de Clinton,
Até ditadores
sanguinários diziam sim
Aos seus pedidos
de paz em Pyongyang!
Ele organizou o
Pacto de Lausanne,
Em que os evangélicos
declararam seus comuns pontos de fé
E deixaram de
lado diferenças históricas exangues
Para às
correntezas se entretecerem em contramaré.
Discursou aos
que choravam
O assassinato de
Kennedy,
Os atentados do
onze de setembro,
Os soldados
mortos no Iraque, no Afeganistão,
Ou seus próprios
caminhos estilhaçados em estradas de perdição.
Pregou aos
presidiários, aos doentes terminais,
Aos excluídos,
aos pobres e aos ricos,
Aos viciados,
aos inimigos, aos iguais,
Porque via os
homens desgraçados em rumos iníquos
Desesperadamente
necessitados de perdão e salvação!
Era só por isso
que todos o entendiam,
Porque o que
tinha a dizer
Era tão-somente
o que Deus tinha a nos trazer.
Suportou
decepções, calúnias, difamações.
Perdeu sua bela
Ruth, o afago sempre presente.
Sofre de
Parkinson, pneumonia, câncer de próstata, osteoporose.
Por isso deixou
ao filho Franklin os projetos ainda em mente
P’ra continuar a
levar as boas-novas a um mundo em necrose.
Disse, em uma
das últimas frases de sua lavra:
“Algum dia vocês ouvirão que Billy Graham está
morto.
Não acreditem em uma só palavra!
Terei só mudado de endereço, sem temor:
Estarei desfrutando da comunhão do meu Senhor!”
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