"Estou
cansado da música que faz jovens pularem ao invés de dobrarem os seus joelhos."
"Evangelho Diluído não é
Evangelho de Cristo".
Vivias
num lugar pacato.
Teu
pai e teu avô foram evangelistas.
Conhecias
o fogo pentecostal inato
De
louvores e cânticos avivalistas.
Cresceste
alheio à geração perdida do jazz, ao modernismo,
aos
beatniks, ao R&B se transformando em rock n’ roll,
à
pop art, à nouvelle vague, ao feminismo,
aos
tumultos de Woodstock, Ilha de Wight, Stonewall...
Nunca
precisaste da droga de Albert Hofmann;
Nem
dos contos macabros de E.T.A. Hoffmann;
Nem
do piano de Fats Domino, de Little Richard;
Da
guitarra de Chuck Berry, das portas da percepção
de
Aldous Huxley, nem das portas de Jim Morrison
nem
de sua Celebration of the Lizard...
Sabias
do potencial inegável do Ocidente
Para
sua própria corrosão,
Atingindo
de maneira sutil e inconsequente
Sua
própria prole em formação...
Ficaste
chocado quando leste na Revista Life
O
sinal dos tempos, sinal de morte.
A
gang dos Dragons, suas correntes,
porretes, canivetes,
Baseados,
seringas, cicatrizes de toda sorte...
Teu
ardor evangelístico clamou de dor e angústia,
Como
o de Paulo na Atenas de filósofos vãos e deuses pagãos,
Que
poderiam causar-te ódio, ojeriza e lamúria,
Mas
só vias espoliados, condenados, erguendo imundas mãos!
Foste
pregar, em becos, em buracos, em bocas,
Em
bares, prostíbulos, boates, docas, e não poucas
Moradias
precárias onde nem cães deveriam morar
Mas
seres humanos lá viviam a se digladiar.
Como
lobos em matilhas que disputam o poder
Com
os dentes, as garras e os latidos,
Pelas
fêmeas arrastando-se em troca de ser
Providas
de entorpecentes, fetos natimortos e grunhidos.
Manhattan, Brooklyn, Bronx, Harlem
Hispânico...
Com
os restos que a América progressista vomitou
E
escondeu nas suas entranhas de discrição e pânico,
Vendo
o monstro que crescia e nunca recuou!
Quantas
vezes não levaste para casa
Dependentes
em crise de abstinência?
Quantas
vezes não chamaste, com o coração em brasa,
Aqueles,
chafurdados em excrescência,
Que
não enxergavam um palmo à frente do nariz,
Para
encontrarem, na Igreja da Times Square,
A
única Luz que guia, o único Destino feliz?
E
quanto a Nicky Cruz, o porto-riquenho,
Que
lhe agrediu enquanto só lhe repetias, impassível:
“Jesus te ama!”, mas não como um jargão rouquenho,
E sim
como quem vive o que fala, de forma tangível?
Ele
foi ao culto, ele se arrependeu.
Ele
chorou, ele se entregou a Cristo.
Levou
a Palavra a outro, que também se converteu,
E não
parou mais de pregar sobre o Messias que havia visto
Quando
o Espírito lhe abriu os olhos do coração
Pra
entender que Deus pode dar a qualquer um perdão
E
salvar o mais iníquo dos homens, qual ladrão da cruz,
Seja
ele Paulo, Maria Madalena, Mateus, Zaqueu, Raabe,
E
até, se o quisessem, Judas Iscariotes, Jezabel e Acabe!
Tuas
histórias de luta lançadas no teu livro,
A Cruz e o Punhal, publicado em 30 países,
Best-seller
e transformado em filme,
Ainda
influenciam a milhões e deitam raízes.
A
Igreja na Times Square
Continua
lá onde iniciaste teu trabalho.
O Desafio Jovem, que criaste nos anos sessenta
Para
libertar os cativos do vício
– Que
tanto arruína a dignidade de quem tenta
Inutilmente
escapar a seu satânico ciclo –
Continua
a exceder outros serviços de apoio em níveis de cura.
E
perguntam alguns, perplexos: “Seria o
fator Jesus?”,
Ao
que a única resposta de clareza e de lisura
É a
de que toda busca humana encontra seu fim na Cruz!
A
paz que excede todo entendimento,
O
amor que é inexplicável,
O
lento laborar, mesmo em terra seca e nada afável,
Serão
o selo do indizível, inexcedível salvamento!
Sabias
disto tudo.
Tinhas
teus momentos de sequidão
E
sabias que os ataques das trevas do interno submundo
Sempre
nos sobrevêm após cada celeste revelação.
Profetizaste
que a Igreja da Ásia e da África
Cresceria
em vigor e pureza em meio à perseguição,
Enquanto
a Igreja do Ocidente cairia enferma e sem tática
Sitiada
pelo materialismo, consumismo e mornidão.
Fizeste
tua parte, até mais do que tua,
A
nossa, que deixamos de fazer.
Até
os 79 anos, o homem que saiu da igreja às ruas
Ajudou
milhares de vidas a encontrar um novo viver.
Em
27 de abril de 2011, no Texas,
Seu
Sedã Infinity bateu de frente com um
caminhão.
Tua
esposa, muito ferida, por pouco sobreviveu,
Mas
tu morreste esfacelado – e assim deixaste este mundo de escuridão.
Tua
mulher te seguiu no ano seguinte.
Deixaram
4 filhos, 10 netos, 2 bisnetos.
Mas
deixaram uma obra muito maior por conseguinte,
Para
viciados, prostitutas, arrependidos, sem-afeto e sem-teto,
Uma
missão verdadeira, que não precisa começar
Com
aventuras do outro lado do mundo desconhecido,
Mas
com a alma sequiosa e miserável a vagar
Nas
esquinas do seu bairro de coração endurecido...
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