segunda-feira, 21 de setembro de 2015

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO


Há um Vladimir Ilitch debaixo do púlpito.
Há um Maiakóvski morto debaixo da mesa da Eucaristia.
Há uma perda de paciência, um acesso de ira súbito.
Há uma inversão de valores, não bastasse o entulho de heresia.

Paredes e colunas caiadas de vermelho.
Bandeiras estranhas caindo sobre os crucifixos.
Cegos surdos loucos tentando quebrar grilhões de seus artelhos.
Que é que de fato olha de sobre os altares, com olhos fixos?

A multiplicação dos pães virou partilha,
Não mais milagre.
O que se espera é um soldado de guerrilha,
Não mais um padre.

Foice e martelo – não a cruz!
Jesus veio salvar da miséria do mundo – não do pecado!
O mal é institucional – e não o coração do homem que o produz!
Os heréticos por isso excomungados são perseguidos, são uns coitados!

Rescaldo do Vaticano II, de Medellín, do CELAM,
Das Comunidades Eclesiais de Base,
De Gutiérrez, de Leonardo Boff, de Frei Betto, de Rubem Alves,
De Lukács, de Gramsci, de Paulo Freire, de toda utopia pagã,
Eles nasceram lutando por causas certas
Com ideias equivocadas,
Escancarando portas abertas
Para uma herança amaldiçoada.

Tentando erigir o Reino de Deus como zelotes,
Pegando em armas, identificando Satã com o Governo,
Abandonando a Vida, com cantos de morte,
Relativizando a moral, como um mote obsceno.

Se a Teologia era até então eurocêntrica,
Por que escolheram um judeu alemão?
Quem lhes deu autoridade para abandonar a teocêntrica
Antropologia bíblica da redenção?

Oh, errantes homens, quiçá bem intencionados,
Lembrai-vos que os planos de Deus
Estão acima dos nossos, tão mal ponderados...
Vede isto como vossos olhos ateus!

Queira Deus abrir vossos olhos e mentes,
Antes que vossa prédica misturada à política
Transforme nossa América Latina de sofredores e emergentes
Num monturo de dejetos ideológicos e mentiras cívicas!
















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