Há
um Vladimir Ilitch debaixo do púlpito.
Há
um Maiakóvski morto debaixo da mesa da Eucaristia.
Há
uma perda de paciência, um acesso de ira súbito.
Há
uma inversão de valores, não bastasse o entulho de heresia.
Paredes
e colunas caiadas de vermelho.
Bandeiras
estranhas caindo sobre os crucifixos.
Cegos
surdos loucos tentando quebrar grilhões de seus artelhos.
Que
é que de fato olha de sobre os altares, com olhos fixos?
A
multiplicação dos pães virou partilha,
Não
mais milagre.
O
que se espera é um soldado de guerrilha,
Não
mais um padre.
Foice
e martelo – não a cruz!
Jesus
veio salvar da miséria do mundo – não do pecado!
O
mal é institucional – e não o coração do homem que o produz!
Os
heréticos por isso excomungados são perseguidos, são uns coitados!
Rescaldo
do Vaticano II, de Medellín, do CELAM,
Das
Comunidades Eclesiais de Base,
De
Gutiérrez, de Leonardo Boff, de Frei Betto, de Rubem Alves,
De
Lukács, de Gramsci, de Paulo Freire, de toda utopia pagã,
Eles
nasceram lutando por causas certas
Com
ideias equivocadas,
Escancarando
portas abertas
Para
uma herança amaldiçoada.
Tentando
erigir o Reino de Deus como zelotes,
Pegando
em armas, identificando Satã com o Governo,
Abandonando
a Vida, com cantos de morte,
Relativizando
a moral, como um mote obsceno.
Se
a Teologia era até então eurocêntrica,
Por
que escolheram um judeu alemão?
Quem
lhes deu autoridade para abandonar a teocêntrica
Antropologia
bíblica da redenção?
Oh,
errantes homens, quiçá bem intencionados,
Lembrai-vos
que os planos de Deus
Estão
acima dos nossos, tão mal ponderados...
Vede
isto como vossos olhos ateus!
Queira
Deus abrir vossos olhos e mentes,
Antes
que vossa prédica misturada à política
Transforme
nossa América Latina de sofredores e emergentes
Num
monturo de dejetos ideológicos e mentiras cívicas!
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