“As palavras
esmagam-se entre o silêncio
que as cerca
e o silêncio que transportam.”
Manuel
António Pina
As palavras esmagam-se entre o silêncio
que as cerca e o silêncio que
transportam
como
uma bobina de metal de existências
estampadas
no anverso que denotam.
Carregam
rios de discursos inefáveis
putrefatos
de nenúfares de risos,
servem
de leito a barcaças de memórias
inventadas
em sonhos nunca tidos.
O
rio que era e que é verdade
é
tão sólido quanto sua foz naufragada,
e
tão líquido quanto vagas vazias
espumando
no grande encontro com o nada.
Não
derrames, no entanto, as tuas lágrimas
sobre
as sombras que faustosas nele passam,
pois
o Belo é de si mesmo a valia,
sendo
a seiva das horas que estilhaçam
e
o sentido da viagem o soube Ulisses morto:
é
o estar-se navegando e não o porto.
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