quinta-feira, 26 de março de 2015

JOHN KNOX


“Eu não tenho medo de todos os exércitos da Escócia, eu tenho medo da oração de John Knox!”

Maria, a sanguinária



Você não era um brilhante intelectual,
Nem um homem alto ou sadio ou forte.
Foi ordenado padre sem qualquer diferencial
E mais servia como notário que como sacerdote.

Suas leituras de Jerônimo e Agostinho
Já lhe inclinavam naturalmente para a Graça.
Conhecia a Reforma sem conhecer o monge Martinho
E não sabia o quanto lhe custaria tal ameaça.

Você era patriota, cristão e defensor da liberdade.
“Dá-me a Escócia ou morrerei!”, era sua oração.
Queria que sua pátria conhecesse a Verdade
E a ela doava integralmente seu coração.

Os boatos lhe envolveram no assassinato de um cardeal
O que causou a intervenção de Maria de Guise.
Condenado a remar nas galés como um Ben-Hur ancestral
E depois exilado à Inglaterra de mais tiranos vis.

Chegou a servir fielmente na Igreja de lá.
Há um pouco da sua mão no Livro Comum de Oração.
Tudo ia bem até Eduardo morrer e Maria o trono dominar:
A católica queria levar os protestantes à destruição!

Refugiado em Genebra, estuda aos pés de Calvino.
Sai com a missão de construir a nova Igreja em grande guerra.
Teria de lutar até o último dia, pesado destino,
Como Elias lutara com Jezabel em sua terra.
Seu porte franzino se compensava entre os seus
Por sua oração insistente de Gideão,
Como a de Jacó lutando com seu Deus
Nas madrugadas de lágrimas no chão.

Sua timidez desaparecia no púlpito:
Sua voz se inflamava do Espírito, às alturas,
Como águia que espreita e mergulha de súbito,
Atacava no coração dos fieis as dúvidas, as agruras.

Assim levantou uma nação,
Assim começou uma guerra civil,
Assim o Parlamento aprovou a nova Confissão,
E a Terra de Santo André não era mais servil.

Pela primeira vez chamaram-se presbiterianos
E continuariam mudando a História no Novo Mundo.
O Sul de fortes raízes, a Nova Inglaterra dos puritanos,
As missões que enviaram, as escolas fundadas, o esmero em tudo.

“Leia o capítulo onde lancei minha primeira âncora”.
Essa foi sua frase no leito de morte
À sua amada esposa que lhe via partir
E ela leu João, 17, sobre os cristãos e sua sorte:

“Não peço que os tires do mundo, mas livra-os do mal”.
“Santifica-os na tua verdade, a tua palavra é a verdade”.
Como Jesus se despedia dos discípulos ao final,
Assim também deixou seu povo, com amor e sobriedade.
Não deixaram de caluniar-lhe,
Mas que importa, quando Deus lhe conhece?
Se o mundo está pronto a expropriar-lhe,
Acumula no Céu o tesouro que não perece!

Só assim pôde se desarmar.
Guardou sua armadura, sua flâmula azul e branca,
E agora entre os santos, entre os anjos a louvar,
Sua alma descansa, sem ânsia, na Glória que tudo suplanta!




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