Tolot-tolot, galopa o cavalo em Antigua,
A
fazenda da Pensilvânia, os oito irmãos,
Os
campos pardos, a vida assídua,
A
Faculdade de New Jersey, o descontentamento,
O
Seminário de Princeton, o despertamento...
Durante
uma pregação de Charles Hodge,
O
Espírito Santo lhe sussurra sobre a seara:
Campos
missionários de onde a maioria foge
E
milhões de almas morrem sem a Palavra...
Ordenado
pastor, singra os mares no mesmo ano,
Como
se soubesse do pouco e trágico tempo que tinha.
Organiza
a Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro,
Com
Alexander Blackford, vai tecendo a tênue linha
Que
iria romper as barreiras do atoleiro.
Tolot-tolot, galopa nas estradas de barro,
Leva
bíblias, leva esperança, leva sonhos, heroísmo.
Luta
contra preconceitos, luta contra o escárnio,
Luta
contra autoridades, luta contra as potestades!
A
igreja caminha pequena, sublocada,
A Imprensa Evangélica quase é fechada,
O Seminário Primitivo enfrenta a nova
empreitada
De
formar homens preparados numa terra despreparada.
Os
portugueses trouxeram o catolicismo,
Os
índios legaram seu mundo de animismo,
Os
yorubas transformaram seus orixás em
sincretismo,
E
Bezerra de Menezes buscou da França o espiritismo.
Os
intelectuais sonhavam em se tornar maçons:
Liberais,
democratas, servos do Grande Arquiteto!
E
os Conselheiros da Coroa, fieis servos de Mamon,
Torciam
escravos bantos que batucavam o Alaketu!
Veio
pregar a doutrina pura de Jesus,
Sem
quilos de tradição, sem mesclas de deuses pagãos,
O
direto e estreito caminho da cruz,
Onde
somos soldados e somos irmãos!
A
Bíblia como única regra de fé e de conduta,
O Catecismo
de Westminster respondendo às questões,
As
Institutas de Calvino e sua teológica
disputa
Aos
cânons romanos de escolásticas ilusões.
O
Hinário de tão belos hinos
A permitir
o coro da congregação
E a
Escola Dominical dos meninos
A
reforçar a fé com a razão.
Oh,
quanta verdade a resplandecer na mentira!
Quanta
liberdade dos grilhões da cegueira famélica!
Não
demorou a levantar-se a satânica ira
Contra
o Evangelho pregado ao Sul das Américas!
Por
vezes sob a forma de traição,
Por
vezes a calúnia, a injúria, a difamação,
Proibições
do Estado, apedrejamento, linchamento,
Mas
o grande Leviatã era corroído p’lo Avivamento!
Tolot-tolot, agora vem a cavalo com alguém à garupa:
Helen,
a jovem esposa que buscara em Baltimore.
Seus
sonhos aumentavam em número, em lutas,
Sua
vida oferecida a Deus em altar-mor.
Um
bebê a caminho, novas estradas e novos meios,
A
igreja chegando a São Paulo,
Um
ex-padre se forma o primeiro pastor brasileiro,
E
novos missionários obedecem às ordens do alto.
Um
Brasil Presbiteriano começou a se formar
A
deixar uma herança de escolas, hospitais,
Um
mundo transformado, com menos sofrimento,
Até
Dom Pedro II se via a respeitar
O
que esses fieis faziam por seus filhos, por seus pais,
O
novo país que estavam a edificar!
Mas
Helen cai morta em momento inesperado:
Nove
dias após sua filhinha nascer.
E
Simonton, em terras paulistas, desabado,
Já
não encontra forças pra suportar o anoitecer.
Acometido
da temida febre biliosa,
Ardendo
em lágrimas e tremores,
Pergunta
à irmã se valera a pena a lide infrutuosa,
Se
deixara por colher algum fruto nos estertores.
Virou
de lado, encolheu-se e assim morreu,
34
anos, enterrado no bairro da Consolação.
Mas
saibas, Reverendo, na Glória de Deus,
Hoje
aqui estamos, um milhão de presbiterianos,
Falando
do Deus verdadeiro a esta amada nação!
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