sexta-feira, 17 de abril de 2015

REV. ASHBEL GREEN SIMONTON



Tolot-tolot, galopa o cavalo em Antigua,
A fazenda da Pensilvânia, os oito irmãos,
Os campos pardos, a vida assídua,
A Faculdade de New Jersey, o descontentamento,
O Seminário de Princeton, o despertamento...

Durante uma pregação de Charles Hodge,
O Espírito Santo lhe sussurra sobre a seara:
Campos missionários de onde a maioria foge
E milhões de almas morrem sem a Palavra...

Ordenado pastor, singra os mares no mesmo ano,
Como se soubesse do pouco e trágico tempo que tinha.
Organiza a Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro,
Com Alexander Blackford, vai tecendo a tênue linha
Que iria romper as barreiras do atoleiro.

Tolot-tolot, galopa nas estradas de barro,
Leva bíblias, leva esperança, leva sonhos, heroísmo.
Luta contra preconceitos, luta contra o escárnio,
Luta contra autoridades, luta contra as potestades!

A igreja caminha pequena, sublocada,
A Imprensa Evangélica quase é fechada,
O Seminário Primitivo enfrenta a nova empreitada
De formar homens preparados numa terra despreparada.

Os portugueses trouxeram o catolicismo,
Os índios legaram seu mundo de animismo,
Os yorubas transformaram seus orixás em sincretismo,
E Bezerra de Menezes buscou da França o espiritismo.

Os intelectuais sonhavam em se tornar maçons:
Liberais, democratas, servos do Grande Arquiteto!
E os Conselheiros da Coroa, fieis servos de Mamon,
Torciam escravos bantos que batucavam o Alaketu!

Veio pregar a doutrina pura de Jesus,
Sem quilos de tradição, sem mesclas de deuses pagãos,
O direto e estreito caminho da cruz,
Onde somos soldados e somos irmãos!

A Bíblia como única regra de fé e de conduta,
O Catecismo de Westminster respondendo às questões,
As Institutas de Calvino e sua teológica disputa
Aos cânons romanos de escolásticas ilusões.

O Hinário de tão belos hinos
A permitir o coro da congregação
E a Escola Dominical dos meninos
A reforçar a fé com a razão.

Oh, quanta verdade a resplandecer na mentira!
Quanta liberdade dos grilhões da cegueira famélica!
Não demorou a levantar-se a satânica ira
Contra o Evangelho pregado ao Sul das Américas!

Por vezes sob a forma de traição,
Por vezes a calúnia, a injúria, a difamação,
Proibições do Estado, apedrejamento, linchamento,
Mas o grande Leviatã era corroído p’lo Avivamento!

Tolot-tolot, agora vem a cavalo com alguém à garupa:
Helen, a jovem esposa que buscara em Baltimore.
Seus sonhos aumentavam em número, em lutas,
Sua vida oferecida a Deus em altar-mor.

Um bebê a caminho, novas estradas e novos meios,
A igreja chegando a São Paulo,
Um ex-padre se forma o primeiro pastor brasileiro,
E novos missionários obedecem às ordens do alto.

Um Brasil Presbiteriano começou a se formar
A deixar uma herança de escolas, hospitais,
Um mundo transformado, com menos sofrimento,
Até Dom Pedro II se via a respeitar
O que esses fieis faziam por seus filhos, por seus pais,
O novo país que estavam a edificar!

Mas Helen cai morta em momento inesperado:
Nove dias após sua filhinha nascer.
E Simonton, em terras paulistas, desabado,
Já não encontra forças pra suportar o anoitecer.

Acometido da temida febre biliosa,
Ardendo em lágrimas e tremores,
Pergunta à irmã se valera a pena a lide infrutuosa,
Se deixara por colher algum fruto nos estertores.

Virou de lado, encolheu-se e assim morreu,
34 anos, enterrado no bairro da Consolação.
Mas saibas, Reverendo, na Glória de Deus,
Hoje aqui estamos, um milhão de presbiterianos,
Falando do Deus verdadeiro a esta amada nação!








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