“Quanto mais eu observava as tragédias da História e a vergonhosa
inclinação do homem para escolher o caminho mais baixo, mais eu via a
profundidade e a força do pecado”.
“Ser abatido em um movimento que visa salvar a alma de uma nação é uma
morte redentora”.
Estrela
ascendente no lodaçal da humilhação,
Cavaleiro
da esperança, da fraternidade, do enterrar o passado,
Meditando
sobre o Evangelho, sobre Thoreau e Gandhi, em celas de prisão,
Por
absurdas acusações de tumulto e desacato.
Rebento
da Atlanta dos antigos confederados,
Tolhido
por todos os lados pelas leis Jim Crow,
Pela
Ku Klux Klan, por policiais brutos, por juízes comprados,
Por cartazes “White Supremacy!”, “Go, niggers, GO!”.
Numa
terra nascida da luta pela liberdade
E pelos
inalienáveis direitos constitucionais,
Jamais
se via qualquer resquício de equidade,
Jamais
os irmãos se consideraram iguais!
No
Sul, os púlpitos brancos pregavam a maldição de Cam,
Os
púlpitos negros só buscavam consolo Além do Jordão.
O blues amargo dos campos de algodão
Fazia
coro com spirituals que fugiam desta
terra vã.
Negros
linchados pendurados em árvores como frutos
A se
deixar apodrecer como uma nação apodrecia,
Multiplicando
descalabros e insultos,
Segregando
espaços, violentando a democracia.
. . . . .
Era
primeiro de dezembro.
Rosa
Parks, costureira cansada depois de um dia de trabalho
Se
recusa a ceder lugar para brancos no assento.
É
expulsa a pontapés, presa, fichada por delitos vários.
Começam
os boicotes ao transporte público.
Começam
as marchas a cortar o país.
Não
sem sangue, sem lágrimas, sem luto,
Mas
pela dignidade, pelo respeito, pelos direitos civis.
Não
era uma revolução violenta
Como
o quiseram Malcom X, Stokely Carmichael,
E
não era uma vingança sangrenta,
Mas
uma guerra santa do Novo Israel.
As
armas eram a paz, o amor ao próximo,
A
resistência pacífica, o despertar das consciências,
Desenvolvendo
o melhor, relembrando o óbvio,
Mudando
séculos de ingerências.
Reverendo
Martin, o líder que Deus preparara,
Como
o outro Martin, quinhentos anos antes,
Lutava
contra o status quo da injustiça
avara
Que
tanto cegava o povo quanto seus governantes.
E
aos poucos caíam os antigos monstros:
Ruía
a segregação, ampliava-se o direito ao voto.
Faltava
a Guerra do Vietnã, os pobres e seu destino ignoto,
Mas
agora já era impossível calar e tornar os rostos.
Sabemos
que o preço foi caro, foi sim.
Já
custara o sangue de Lincoln, dos irmãos Kennedy,
As
calúnias de J. Edgar Hoover do FBI,
Milhares
de mortos anônimos no Mississippi, no Tennessee...
E
por fim, em 4 de abril de 1968,
Foi
a sua vez, pastor e herói negro da fé,
Alvejado
por balas assassinas de um espírito morto
Que
sequer deveria saber o tamanho do mal que causava ou o que de fato
[Deus quer...
Ó pregador
incansável do cristianismo num mundo torto
Que
açoita o irmão com a Bíblia na mão,
E usa
as paredes da igreja para manter o ódio de pé!
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