segunda-feira, 4 de maio de 2015

TERESA DE LISIEUX (SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS)



Em berço tranquilo da família Martin,
Nasce Terèse, rodeada de irmãs.
O pai se deu bem com os relógios.
A mãe se aprumou com os bordados.
Não faltava conforto no velho sobrado,
Nem devoção ao martirológio.

A família não faltava à missa matinal
Nem se privava de leituras devocionais.
A alegria do lar era afável e jovial
E a menina era totalmente apegada aos pais.

Mas haveria um dia em que os sonhos se desfariam
E se substituiriam por outros mais difíceis.
A maturidade exige um tanto de sofrimento (quem o negaria?)
E a vida nos permite só um tanto de planos possíveis...

A mãe morre de câncer no seio,
O pai, cada vez mais soturno.
As irmãs, uma a uma, saem de seu meio,
Ingressando no Convento do Carmelo, por seu turno.

Aos quinze anos, ela quer também lá ingressar.
Sua idade não o permite, “criança demais pra buscar o Céu”.
Parte em peregrinação a Roma com o pai, a se admirar
Com as portentosas obras de Michelangelo e Rafael.
Mas o grande intento da viagem é rogar a permissão
Do Papa Leão XIII, pra ser noviça de clausura e oração.

Ela consegue, finalmente, o seu propósito,
E desde cedo suporta rigores e pessoas nada agradáveis.
Mas tudo aceita sabendo que o amor é insólito,
E que mais divino é amar os inimigos que os amáveis.

Depois teria de suportar a morte do pai,
E mais dezoito meses de uma noite na alma,
A descrença do abismo em que cai,
A última prova de fogo do crente sem calma,
A derradeira morte do ego em esperneio,
Até o abandono ao Amor da Graça do Cordeiro!

Só assim compreendeu.
E a rogo de sua irmã e de sua madre superior,
Anotou em seus diários o caminho que Deus lhe deu:
Chamou-o “pequena estrada”, “estrada da infância”, “abandono ao amor”.

Tratava-se do fazer criança,
Reconhecendo seu pecado, sua pequenez e mesmo os medos seus,
Depositando-os diante do Pai, e sem tardança,
Elevar-se aos Céus, não por seu braço, mas pelos braços de Deus!

Identificar-se com os méritos do Filho, com suas chagas,
Porque o preço foi pago por Ele e por mais ninguém,
E por fim preencher-se do Espírito, já que se sabe nada,
Fazendo-se da Misericórdia total refém!

Esse foi o caminho que ela deixou ao mundo,
Mais palatável e nada impossível
A quem buscava a santidade segundo
Os santos do passado inatingível.

Ela parecia mais próxima e simples
E em vida nada pareceu ter de especial
Que a diferenciasse de outras vides
A crescer nas vinhas do Eternal.

Seus escritos, reunidos em livro,
Ganharam o nome de “História de uma Alma”,
O qual às vezes releio como um néctar vivo
De que se bebe contemplando a luz da alva.

Por fim, a tuberculose a levou
Aos vinte e quatro anos de idade.
A imagem parca que nos deixou
Vem de poucas fotos
e manuscritos de uma complexa simplicidade.

Antes de morrer, dizem que ela prometeu
Uma chuva de rosas sobre a cidade.
E dizem que de fato isso ocorreu,
Como se lá do céu ela confirmasse que era verdade
Tudo que em vida creu
Com singeleza e amabilidade.

Deram-lhe o título de patrona das missões,
Porque orava pelas dificuldades dos missionários.
E de co-padroeira da sua amada França,
Ainda que mui distante de sua colega de armadura e lança:
Joana D’Arc, a camponesa à frente dos exércitos libertários...

E ainda mais alguns anos depois,
João Paulo II a consagrou Doutora da Igreja,
Ao lado de Catarina de Siena e Teresa D’Ávila,
Para agigantar mais o rol de mulheres que com presteza
Abrilhantaram a Teologia e portaram um’alma impávida...

Lisieux ainda recebe milhões de turistas
A tentar seguir-lhe os passos miúdos,
Mas creio que a melhor forma de entender suas pistas
É se entregar a Deus, absolutamente, em doces cânticos mudos.






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