Senhor, o que guardais enovelado em Vossos dedos de luz?
Meu destino, meu futuro, a lembrança de meus pecados?
Os trilhos da Sagrada Estrada
Que não percorri
Por temor ou egoísmo?
Senhor,
Por que
A cada dia que me olho no espelho
Vejo uma falência quase brutal?
Um homem que eu deveria reerguer,
Despir da lama,
Transformar ele mesmo em espelho
De virtudes e de esperanças,
Em centelha do Batismo de Fogo,
E amansá-lo como a um cordeiro.
Ah, Senhor, quantas vezes, ingrato, duvidei,
Não acreditei no que poderíeis fazer por mim!
Não acreditei no que poderíeis fazer em mim!
E, no entanto, há a estrada de cascalhos e de rosas,
As paradas de reabastecimento e de ilusão sombria,
A cruz dos outros homens
Que se parecem tanto comigo
E realmente têm o mesmo sangue que eu.
Ah, Senhor, à noite, quando busco refúgio nas cabanas,
Os coiotes uivam, e os lobos levam ovelhas entre os dentes...
Ah, Senhor, eu orei e eles partiram,
Mas havia quem os chamava por nomes estranhos e os alimentava!
Ah, Senhor, como é difícil
Percorrer as ladeiras das cidades-fantasma
E não desejar para agora mesmo o bálsamo paradisíaco!
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