Pai,
Em meu claustro distante,
Posso assim chamar-Te.
Com certa familiaridade.
Como Teu filho.
E como todos os Teus filhos clamam,
Eu clamei.
Clamei para compreender o mistério
Do Deus Trino e Uno.
Do Pai que cria.
Do Filho que redime.
Do Espírito Santo que age e enche da Graça.
A pomba branca que João Batista viu descer.
O livro aberto que forma asas.
A mulher adúltera que não foi apedrejada.
A mulher samaritana a quem Cristo dirigiu a palavra.
A Palavra que dirige a cada um de nós,
Apesar de tudo.
Compreendi que no princípio era o Verbo
E a gênese ecoou das profundezas da minha origem.
E eu fui despido de lascas de crosta pedregosa
E havia a todo tempo quem me visse e ouvisse.
Calei as vozes do mundo
E ouvi, densa, carinhosa,
A voz de meu Pai
Que me chamava ao rebanho
E, Pastor atento,
Deu-me um sininho de bronze
Que agito entre minhas brancas lãs,
Quando quero passear pelas veredas.
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