Por vezes a sombra de um fumo transparente
Cria carne, luz e presença
Por que assim permaneces para sempre
Calada, assustada, incrédula, indecifrável?
Para aqueles que preferiam esquecer, não ouvir teu nome
Não roçar tua pele com perispírito,
Corpo feito de Nada e de Vazio que nunca te encontrará.
Vivendo num porvir indefinível
Se a vida poderá um dia ser suportável
Ou desistir de tua desistência
Na terra dos mortos de mim mesmo:
No céu a colher tua lágrima e teu gozo.
És fotografia partida, vento de espinho de rosa que corta,
Eterno espinho a fazer sangrar meu rígido peito covarde,
Fôrma e forma que molda circunstâncias tristes,
Deixas-me sem saber explicar o que senti, sinto, sentirei,
Ao toque do anel de outro ser masculino em teus dedos de eternidade,
A música soará mais triste e estrondosa do que nunca,
Como só soa nas maternidades, nos casamentos e nos funerais;
E um dia a menos se contará em minha vida, para meu proveito.
Talvez tua visita fantasmagórica a cada dia e a cada noite
E minha morte prematura ou tardia demais
Revele de meu ser tão cansado, tão Carlos,
Uma sina...
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