Entre corvos, casas e girassóis,
Sem sono, sem orelha, sem amor,
Vendo estrelas tal trágicos faróis,
Num quarto descolorido de dor,
O ruivo pintor das horas infindas
A debruçar-se em aquarelas tantas
Construía seu universo em tintas
Padecendo o êxtase de cores santas.
Ó trigais sem-fim de amarelo sol!
Ó vinhas vãs de vermelho trágico
Qual vibrante espelho de arrebol!
Que místico sofrer ao procurar
O vil tormento em meio a tons tão belos
Que à Loucura e ao Sonho aprouve criar!
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