terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Poemas Aos Amigos (2010)

“And friends are friends forever
If the Lord’s the Lord of them
And a friend will not say “never”
Cause the welcome will not end
Though it’s hard to let you go
In the Father’s hands we know
That a lifetime’s not too long
To live as friends”.
                        MICHAEL W. SMITH


A Larissa Ássi

Não sei se agora
Já retornaste de tua viagem de férias,
Da tua fazendinha de utopia
– Longínqua de teu dia-a-dia – 
Onde não aceitas trabalhos insones
Ou sequer relógios e telefones.

Onde reergues sempre teu mundo verde e amarelo,
Onde caminhas sobre a relva a sonhar,
Onde intentaste erguer em criança o teu castelo
E onde hoje vês a noite com seu odre de estrelas a transbordar.

É lá que adquires teus trejeitos
E revigoras tua alma tão afetuosa?
Queria conhecer a fonte destes feitos
Que te torna possível ser querida de todos ao teu entorno
E proceder como se a deixar os dias menos rarefeitos
E sorrir como quem floresce após o outono.
Amiga,
É neste mundo tão avaro, de vida tão séria,
Que todos precisamos de almas como a tua
Que constroem em nós a ternura mais etérea.


A André Rios

Caro André,
Que formas um par perfeito com tua Larissa,
Que vives a procurar auxiliar os amigos nas dores
E achar defeitos nos bits e bytes dos teus computadores.

Que sabes fazer um networking de bons camaradas,
E o melhor layout na webpage da tua vida,
Mas talvez não contar piadas...
Recebe de presente esta poética lida,
Como um pré-presente do primeiro de agosto a chegar,
Do teu esperado aniversário em que espero estar.


A Karen Ássi

Era uma vez uma mulher pequenininha,
Que de tão pequenininha,
Cabia no coração de todos.

E era tão delicada e frágil
E eram tão ternas as suas palavras,
Que mesmo o trovão ferino e ágil
Acalmava-se diante dela.

E ela, como pequena fada que era,
Plantava dias melhores aos que a conheciam,
E ainda fiel a tudo que dissera
Contava histórias de acalanto aos que pediam.

Deixando flores e estrelas pelo paço,
Mesmo com os males da vida ao seu encalço,
Tudo se transformava em sua presença,
Posto que Deus a iluminara com tal incandescência
Que sua missão de anjo benévolo e raro
Não falhava em seu propósito tão caro.
Pequena fada de pequeninas mãos,
Se estas letras nesta página não lhe fazem justiça
Atribua a mim somente o meu pouco talento,
Pois transformar meu carinho por ti em poesia
É o alto labor do meu intento.

A Tiago Bernini

Grande Tiago,
Grande cara.

Um pouco passional,
Talvez por tuas raízes italianas.
Um febril corintiano,
Co’a paixão alvinegra que a acompanha.
E mesmo um bocado azarado
Com telhas de shopping e batidas de carro parado.

Mas tua sorte tamanha
Suplantou muito disso,
Porque encontraste tua preciosa Karen
E com ela compões tua história em uníssono.

Apareçam de novo um dia desses lá em casa,
Deves saber que farei a festinha de meu novo livro
E espero vê-los sempre
E manter estes laços vivos.


A Rebeca Estevão

Douta defensora e amiga das ideias jurídicas,
Musicista dos hinos e das sonatas idílicas,
Livre-pensadora que nunca temeu hipocrisias,
Que gosta de estilo e de idiossincrasias.

Tenho a dizer-te, se posso tanto,
Que os dias me fizeram conhecer-te melhor
E saber-te não árida como eu pensava
Nem feminista como parecia,
Mas íntegra, sincera e amável,
Sem nunca dispensar o necessário leve sarcasmo,
Que graça e brilho te emprestam
E inteligência e elegância atestam.

Estimada conspícua,
Todos aprendemos a trazer-te em afeto puro
E lembramos com saudade dos jantares em tua casa,
Com joguinhos, Elton John e livros vários nas estantes.
Sabes que a vida é bela por causa de tais instantes...

Mas ainda que insistas nos méritos do Largo São Francisco
E faças ressurgir tais argumentos às vezes,
Tenho a dizer-te, sem prejuízo de nosso vínculo,
Que eu ainda prefiro os do Mackenzie...

A Ícaro Fontes

Meu caro amigo (já dizia o Chico...
Cartas a amigos não se ressentem de clichês poéticos...)
Que herdaste o mesmo dom de coisas a construir
Do teu homônimo filho de Dédalo,
Que herdaste da mineirice um quê de calado e observador
E encontraste na douta defensora o procurado amor.

Meus votos mais sinceros de felicidade plena.
Espero que vejas muitas vezes o Cruzeiro campeão.
Espero que tenhas expediente abençoado em teu novo estágio
E que vivencies crescimento rápido na tua Engenharia de Produção.
Mas, ao contrário de ti, caro amigo novo,
Eu espero que a Dilma não ganhe, pois não o merece meu povo...

A Ludmila Jones

Lúdica Ludy,
És a mestra tímida das tardes,
Tecendo tuas aulas em silêncio,
Conjugando versos oníricos e belos
Com que teceste teus meigos anelos.

Assim meio acadêmica, meio esportista
Competitiva, perfeccionista
Com tanto jeito com criança
Com sincero engajamento
Com espírito de perseverança
Com “muito movimento”
Guardas pura dentro de ti
Uma essência etérea de temperança,
Só declinando o verbo to be
Com objetos de esperança.

E na morfossintaxe de tuas poucas palavras
Vive um lirismo tão belo a se esconder
Que a filologia moderna não pode traduzir
A antiga e sólida poesia do teu ser. 

Guarda, amiga, estes versos singelos
No livro de exercícios dos teus dias vindouros,
Para que não te esqueças do teu amigo
Que te deixa escrito afeto sincero,
Que não entendia nada de futebol
E não via graça nos Jogos de Inverno!

Ao Reverendo Fabiano de Almeida

Conselheiro das horas difíceis
Que me trazia a Palavra de Deus
Em fronts de batalhas terríveis
Em meio a militantes ateus.

Ensinaste-me a descobrir a cosmovisão camuflada
Em cada investigação supostamente neutra
E a encontrar tal Weltanschauung obnubilada
Que só não escapa ao bom hermeneuta.

Opondo-se a Kant e sua lógica fria,
Opondo-se a Nietszche e sua inconstante rebeldia,
Opondo-se a Aristóteles e sua mundana eudaimonia,
Opondo-se a Sartre e seu vazio de antinomia,
Escolheste Kuyper, Dooyeweerd e Calvino,
Pois toda razão crente não se entrega a desatino,
Mas se rende perplexa ao escabelo do Criador
E só serve como instrumento de paz e de louvor!

Sabes que muito te devo pelas horas em que me ouviste,
Em que foste um dos poucos a conhecer a angústia minha
E agora que Deus me fez mais sólido e em ótima companhia
Posso deixar para trás o passado de crivo triste.

Guarda teu bom combate de forma perene,
Manda lembranças à Luciene,
E mantém sempre sóbrio teu ensino
Distante de xaropes como São Tomás de Aquino!

À mais amada

À mais amada
Deixo a carta ora criada,
Co’a lembrança adorada
Dos meneios que só teus.

Mônica de todas as tardes,
Mônica de todas as noites,
Por que tanto tardaste
A chegar ao meu sonho insone?

E na vida fatigada,
D’alma desperdiçada,
Na simbiose co’este mundo,
Tão vil, tão absurdo,
Que desconhece reais amores
E por isso assim se encontra
Definhando em estertores,
Empreendo fuga rápida
À solidão ora tão plácida
Que me permite fugir às salas
No parco intervalo entre as aulas
Para compor uma nova ode
Que é só o que o poeta pode,
À guisa de descrever tão pobremente
O que se não pode senão nobremente,
Mas me falta o necessário canto
Diante de amor tão doce e amplo;
Faço o tangível em breves versos
E não me oculto ou tergiverso
Para te dizer quem és!

Rainha de elementar virtude,
Princesa de solfejo puro,
Pérola de magnitude,
Senhora de portar seguro,
Dona dos meus devaneios,
Rosa dos meus segredos,
Lírio dos meus enleios,
Deleite dos meus vinhedos,
Companhia dos meus dias todos,
Dádiva atendida dos meus rogos,
Borboleta minha a adejar
Para em meu peito repousar,
Guizo de oropêndola,
Alma de calêndula,
Infanta em terras de contos,
Véu de cândidos pontos,
Menininha dos cachos lúbricos,
Anjo de braços translúcidos
Que quando do ocaso a despontar
Criam matéria para me abraçar
E colho beijos tantos
Que enlevado em tais encantos
De verdes olhos santos
Desconheço dor e prantos.

E eis que em estado de poesia amamos
E assim não deixa de sê-lo ao passar dos anos,
Que fascinar-me a cada dia
É minha delícia e minha sina. 
















Um comentário:

  1. Parabens!
    Lindos seus poemas ou será que os amigos que são lindos.Acho que os dois são verdadeiros.

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