“We walk toward desire,
Hand and hand
Through fields of fire,
With only love to light the way
On the road to Judgement Day”.
Hand and hand
Through fields of fire,
With only love to light the way
On the road to Judgement Day”.
“Judgement Day” – David Coverdale/Adrian Vandenberg
Todos correm pra lá e pra cá
Rezam hipocritamente para o Deus que renegaram
Pagam o último dízimo e a última promessa
Arrastam os bêbados para as instituições de caridade
Os mendigos lotaram seus chapéus de moedas
Deus lhes pague pela esmola
Antes que morram!
E se puderem gastar o dinheiro!
Os meteoros nos lembram um cataclisma nuclear
E um cartaz de Einstein, com uma língua flácida
Pedindo o desarmamento
Temendo a ira do mundo no seu esgotamento
Castre-se se foi adepto da luxúria!
O profeta lunático vem queimá-lo vivo
Em nome da Igreja em chamas
Ruindo desde séculos!
Queime os títulos e cédulas falsas!
Queime as cartas dos amigos corruptos
E as provas da sonegação fiscal
Se foi adepto da cobiça!
Vomite o que digeriu
Porque alguém tem fome!
Corra ao Judiciário
Porque alguém no Serviço de Proteção ao Crédito sujou seu nome!
Todos se espancam a todo lugar
Matam-se num engarrafamento
Sistemas nervosos centrais esgotados
Narcóticos cegando organismos saturados!
Tantas foram as guerras...
Mas esta é a maior!
Um canto do mundo explodiu
Os estilhaços chegaram até aqui!
O progresso de Juscelino não deu certo
Os direitos trabalhistas de Getúlio não salvaram
A mensagem de paz de Gandhi não tocou
A luta de Mandela não aniquilou a miséria
O apartheid é lei do mundo
Segregação em cada segmento da hierarquia
A propaganda é uma panacéia universal
O capitalismo começa a ruir!
O desemprego tecnológico de Marx
Não é mais doença
É sintoma crônico do final dos tempos!
A multidão de vagabundos
Da mão-de-obra ociosa
Preocupação de Keynes
Torna-se o mal absoluto
De tempos de violência pela sobrevivência!
Uma peste de ratos devora carne humana
E espalha a peste bubônica
A distribuição de alimentos entra em colapso
Os vírus estão em constante mutação
Os glóbulos estão doentes
A Terra em franca decadência
Por filhos que cortam as veias da própria mãe!
Por inquilinos que enlameiam a própria casa!
Roubaram a coroa do rei
Fundiram e venderam o ouro em barras!
Quem é lenda?
De Gaulle está morto!
Churchill está morto!
Nasser está morto!
Indira está morta!
Golda Meir está morta!
Hitler está morto!
Tancredo está morto!
Cabral está morto!
O Brasil está morto!
O mundo inteiro está morto!
Eu estou morto!
E Nietzsche disse que Deus está morto!
Quem é lenda?
Freud disse que a religião é neurose universal
A música para dançar embala quebra-paus primitivos
Vamos nos divertir na noite das putas e dos loucos!
Vamos pintar um quadro com arranha-céus!
Vamos lutar num ringue esburacado
Para nocautear um faminto mais raquítico do que nós!
“O fim está próximo!
Ajoelha-te, infeliz!
Ajoelha-te, pobre pecador mortal
E começa agora a rezar”.
E então o filho pródigo rezou:
“Deus perdoe os macacos que começaram a xingar!
Deus perdoe os faraós que se ornavam com ouro!
Deus perdoe os gregos libidinosos!
Deus perdoe os estupradores do Império Romano!
Deus perdoe os cavaleiros genocidas e
Os clérigos corruptos da Idade Média!
Deus perdoe a ira dos samurais
E a tirania dos xóguns no antigo Japão!
Deus perdoe as grandes navegações
E os artefatos inventados pelo homem!
Deus perdoe o colonialismo!
Deus perdoe o escravismo
E o mercantilismo
E o imperialismo
E o capitalismo!
Deus perdoe os europeus da nobreza facínora
De tantos séculos,
Suas perucas enormes, suas aulas de cravo e de violino!
Deus perdoe os detentores do capital
Que esmagavam com suas máquinas
Jovens párias inocentes
E construíam sua aristocracia!
Deus perdoe os proletários fatigados
E seus rostos sujos de graxa
E suas vilas operárias imundas
E a revolução industrial!
Deus perdoe a construção da civilização moderna!
Deus perdoe os bens de capital e os bens de produção!
Deus perdoe a lei falha dos homens,
Tão parecida com a lei das selvas!
E os agiotas
E o atraso cultural!
Deus perdoe a revolução sangrenta
E a ditadura comunista!
Deus perdoe a burguesia do capital
E a opressão do político general!
Deus perdoe as Primeiras e Segundas Intentonas
E os Terceiros Reichs
E as Quartas Divisões de Infantaria
E os quintos dos infernos!
Deus perdoe meus watts e joules
Gastos para o prazer
Enquanto minhas células
Realizavam trabalho, armazenavam energia
Em suas engrenagens, polias e carburadores de gel
Até que meus órgãos se esgotem por completo
No dia em que não conseguir mais respirar
Ou quando fizer jorrar sangue, meu combustível púrpuro,
De transporte, cor de carne delgada,
E fico pensando nessas coisas
Enquanto procuro separar os pertences da alma
E as posses do corpo
Diluídos no mesmo ácido que habita meu estômago
E tento saber o que sou
Por meio de cálculos matemáticos
E filosofia de botequim!
Deus perdoe os incidentes terroristas!
Deus perdoe o fanatismo cego!
Deus perdoe as rivalidades, diferenças e conflitos!
Deus perdoe o próprio Apocalipse que escolhemos!”
“Levanta-te então porque teus joelhos sangram
E saibas que não adianta comprar uma estátua
Do meu filho que morreu por ti
Porque Jesus Cristo descansa em paz ao meu lado!
E não há terra prometida de Canaã para onde
Moisés, Abraão, Jacó ou Raquel possam levá-lo!
Com os mercados comuns mundiais
E esperanças de riqueza nas Américas
Não adianta ressuscitar Che Guevara
Nem Fidel
Porque eles não virão te salvar!
Os últimos herdeiros do Kremlin
Lutam solitários e angustiados
Perdem as memórias a cada dia
De Engels, Lênin, Trotsky, Stálin,
Kruschev, Brezhnev, Tito e Gorbachev,
Até só restarem as fotos dos jornais de ontem
Com um Nureiev bailando e desertando
E um Bóris Yeltsin abatido pela vodka,
Jornais esses que agora recobrem
A cabaninha de um miserável em Moscou!
Mas a Guerra Fria morreu!
Morreu Júlio César!
Morreu Alexandre
E Péricles
E Carlos Magno
E Átila
E Arthur
E Ivan, o terrível
E Napoleão Bonaparte também!
Então eu me lembrarei triste
Dos humanos que criei
Seus homens foram fortes e grandes
As mulheres belas e alegres, joviais
Houve sábios e guerreiros ilustres
Inventaram coisas como só Eu podia
Aqui no Éden...
Dei-lhes o mundo!
Mas meus filhos me viraram as costas
E os irmãos se mataram entre si!
Agora Eu mesmo vou poupá-los
De viverem aterrorizados
Num inferno improvisado
A Criação gemeu e pediu
Para que não vissem o verdadeiro Inferno
Que nem o meu caçula Lúcifer
Seria capaz de conceber...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário