segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pesadelo

Toda noite o suplício apavorado.
Toda noite o preocupado inseguro.
Toda noite o confinamento exasperado.
Toda noite a lágrima no escuro.
Toda noite os dinossauros que uivam.
Toda noite os dragões que cospem fogo.
Toda noite as serpentes que silvam.
Toda noite a neurose evidente.
Toda noite o algoz assassino.
Toda noite o perigo em mente.
Toda noite a cicatriz do destino.
Toda noite a orgia imaginada.
Toda noite as bacantes insaciáveis.
Toda noite a guerra fatigada.
Toda noite a espera pelo telefonema.
Toda noite a ausência da amada.
Toda noite a desnoite de amor.
Toda noite da calma adorada.
Toda noite o calafrio intenso.
Toda noite as figuras fantasmagóricas.
Toda noite o ferimento imenso.
Toda noite, toda noite, toda noite...
Toda noite ver meu próprio corpo enterrado.
Toda noite ver o desejo dilacerado.
E toda noite a toda-noite de meu dia escurecido!


9 de agosto de 1996











Nenhum comentário:

Postar um comentário