quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nicolau de Bari

Santa Claus is coming...
Santa Claus is coming to town....

Nicolau, Nicholas, Claus,
Hoje por tantos nomes te chamam
E em tantos matizes diferentes te pintam
Que teu rosto pensativo sucumbiu às eras...

Teus gestos simples, adotados por conheceres
A predileção de Jesus pelos pequeninos,
Incluía doar pecúnia para que moças miseráveis
Tivessem o dote para o casamento
E não caíssem na vida;
Incluía aplicar teu carisma
Para salvar condenados da decapitação;
Incluía lançar por sobre os muros das casas
Presentes às suas amadas crianças
Que não poderiam comprá-los.

Tua fama, contra tua vontade,
Tornou-se tão grande em Mira
Que ali, ainda contra tua vontade,
Ordenaram-te bispo escolhido às pressas.

E depois de morto, creio que contra tua vontade,
Levaram teus restos como relíquias a Bari,
E os marinheiros passaram a invocar-te nas tempestades
Como se fosses Jesus no Mar da Galileia...

Santa Claus is coming...
Santa Claus is coming to town....

Mas o pior crime que se poderia cometer contra tua memória
Foi emprestar-te a casa ártica,
O trenó e as renas mágicas
De lendas finlandesas
E o voo lapão com as estrelas
E acrescentar-te o trabalho romântico
De trazer presentes de Natal à surdina,
Como imaginara um escritor americano,
E vestir-te – derradeira ironia –
Com as cores do merchandising da Coca-Cola!

Oh, cristão antigo!
Fizeram-te ocultar o nascimento do Cristo
No mesmo afã com que os (in)fiéis
Do 20º e 21º séculos
Torram seu 13º salário
Na 25 de março
Como se este fosse o sentido
Do 25 de dezembro!

Oh, Nicolau, Nicolau,
Eu tenho a impressão
De que se de fato aqui estivesses,
Pegarias teu trenó encantado,
Darias o fora daqui em lágrimas
E voltarias para perto de teu Senhor:
O verdadeiro e único sentido dessa Festa!



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