Todos, sem exceção,
No teu reverso demoníaco
No teu exagero shakespeariano
Na tua confusa forma pecaminosa
Na tua difusa porcelana espalhada pela noite
Buscam a ti.
Todos sem exceção buscam a ti
No receio e na esperança adormecida dos ateus
Na mitológica flecha de Cupido
Nas cartas rasgadas pelo tempo e pelo rancor
Nas fotos empoleiradas nos porões
Nos divãs dos consultórios psiquiátricos
Nos escritórios de fuga e de trabalho excessivo
Na muda revolta dos que não o possuem
Todos, mesmo que não saibam o teu nome.
Todos te guardam inerte e entorpecido
Na angústia do não se ver ninguém
Nas braçadas do náufrago, na frustração do ditador,
Na transmissão da vida, na automação da escrita,
Na alma eterna, na cruz do Salvador!
Todos te acendem velas como mariposas
Em torno da luz que pode matá-los
Todos frios em busca do fogo
Que não raro ruge em afagos a queimá-los.
Todos aceitam e negam e buscam
E se encolhem como cães quando tudo se perde.
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